segunda-feira, 16 de julho de 2012

#5 Menino do Mato - Sustentando com palavras o silêncio do abandono de Manoel de Barros



    Quem sabe, um dia, eu evolua para árvore, aprenda a falar azul e deixe de significar. Assim, quem sabe, ganharia o privilégio do abandono e aprenderia a falar a  Linguagem das águas, como o Bernardo, Menino do Mato, que existe no quintal da imaginação de Manoel de Barros. Existe, apenas existe, sem precisar significar. ( Como essa postagem, assim como borboletas comem as tardes,
não é de expulsar o tédio?(


Detalhes Técnicos

·                     Posição: #5/100
·                     Título: Menino do Mato
·                     Autor: Manoel de Barros
·                     Páginas : 95
·                     Editora: Editora Leya, São Paulo– RS 2010
·                     Onde Adquiri: Livro do Acervo do Templo da Poesia.

Poemas e Trechos que mais gostei.

“(Eis um caso que há de pergunta: é preciso estudar
igorâncias para falar com as águas?)

2
Invento pra me conhecer


4
Escrever o que não acontece é tarefa da poesia


13
Eu sempre guardei nas palavras os meus desconcertos


14
Eu sustento com palavras o silêncio do meu abandono


19


Qando meu Vô morreu caiu em silêncio
concreto sobre nós.
Era ma barra de silêncio!
Eu perguntei então ao meu pai:
Pai, quando o Vô morreu a solidão ficou destampada?
Solidão destampada?
Como um pedaço de mosca no chão.
Não é uma solidão destampada?
 
Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

quinta-feira, 12 de julho de 2012

#4 - Elegias de Duíno. ( Porque todo Anjo é Terrível)



Existem Poemas, existem livros de poemas, que necessitam ser lido com a voz alta do silêncio, Baudelaire exigiu, em alguns momentos, toda a voz do meu silêncio para que sua poesia fosse digerida pela minha alma. Já Rilke e suas Elegias precisam ser lidas com todo o “Eu” ator que existe dentro de nós. Suas Elegias precisam ser proclamadas, às vezes aos berros, às vezes aos sussurros, para que os Anjos escutem, Todo Anjo é terrível, todo anjo é o profano e o sagrado, o solitário e o social, o sensível e o racional, que existem dentro de nós.
É para esses Anjos que o Livro de Rilke é Escrito, é para esses Anjos que o livro de Rainer Maria Rilke é Dito.

Detalhes Técnicos

·                     Posição: #4/100
·                     Título: Elegias de Duíno 
·                     Autor: Rainer Maria Rilke ( Tradução Dora Ferreira da Silva)
·                     Páginas : 95 ( Elegias mais comentários da Tradutora )
·                     Editora: Editora Globo, Porto Alegre – RS 1979
·                     Onde Adquiri: Livro do Acervo do Templo da Poesia.

Poemas e Trechos que mais gostei.

“Estranho, não desejar mais os nossos desejos. Estranho,
ver no espaço tudo quanto se encadeava, esvoaçar, deligado,”
( da Primeira Elegia)

Amantes, sois vós ainda?
Quando um no outro pousais os vossos
Lábios, como taças, oh, como se evade
Então, estranhamente, o embriagado.
(da segunda elegia)

Nós só vemos morte!
( da oitava elegia)

Estamos aqui talvez para dizer: casa,
Ponte, árvore, porta, cântaro, fonte, janela –
E ainda: coluna, torre... Mas para dizer, compreenda,
Para dizer as coisas como elas mesmas jamais
Pensaram ser intimamente.
( da nona elegia)

Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

quarta-feira, 11 de julho de 2012

#3 - Deus Negro ( A Poesia usada para fazer mentira)



No mundo inventamos a verdade e a mentira, elas podem ser construídas através de quaisquer meios,  em Deus negro, Neimar de Barros constrói o que eu acreito que seja uma das maiores mentiras, através da poesia, a mentira de que alguém é superior ou inferior pelo simples fato de acreitar, ou não, em algo. Não é o fato de ele ter escolhido a poesia, que eu tanto amo, para erguer sua poética da mentira e nem por fazer isso de uma maneira péssima tanto na forma quanto no conteúdo. Não gostei do livro foi, porque no final, você sente tudo tão artificial, que o que me parece é que nem mesmo o Neimar de Barros acreditou em sua própia mentira.

Detalhes Técnicos

·                     Posição: #3/100

·                     Título:  Deus Negro 
·                     Autor: Neimar de Barros
·                     Páginas : 89
·                     Editora: O Recado, 1979.
·                     Onde Adquiri: Encontrei no acervo do Templo da Poesia, e resolvi lê por dois motivos, pelo título, que me interessou e por um amigo um dia ter me dito que esse livro ter causado uma grande polêmica. 



Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

segunda-feira, 9 de julho de 2012

#2 - As Flores do Mal

V
E após, e após  enfim?

VI
"Ó  cérebros pueris!

( Charles Baudelaire In  As Flores do Mal)
    

Sempre quis saber o que Baudelaire tinha de tão especial para ser tão aclamado pelos  meus Poetas prediletos, por isso resolvi fazer de As Flores do Mal o 2° livro do meu desafio de ler 100 livros de poesia em 365. De início, achei o livro estranho, difícil, pensei que não gostaria e não entenderia nunca a alma "doentia" do poeta que compara a amada com uma carniça podre em estado de decomposição, mas a cada poema, a cada verso, a cada imagem,  fui me apaixonado e me encantando pela genialidade de As Flores do Mal e percebi que o que fascina mesmo, além da maestria indiscutível com as palavras de Baudelaire, é a sua percepção de Poeta, de saber que o belo está em qualquer lugar, no divino e no torpe, que no fim das contas é tudo uma coisa só. 

Detalhes Técnicos



·                     Posição: #2/100
·                     Título:  As Flores de Mal
·                     Autor: Charles Baudelaire
·                     Páginas : 660 ( Edição bilingue )
·                     Editora: Nova Fronteira, 2012 tradução de Ivan Junqueira ( Essa versão, lançada pela Saraiva de Bolso, versão original publicada 1821-1867)
·                     Onde Adquiri: Quando fui na Livraria Saraiva com meu ex amor, pelo valor de 14,90

Poema que mais gostei:

XXIV

Eu te amo como se ama a abóbada noturna,
Ó taça de tristeza, ó grande taciturna,
E mais ainda te adoro quando mais te ausentas
E quanto mais pareces, no ermo que ornamentas,
Multiplicar irônica as celestes léguas
Que me separam das imensidões sem tréguas.

Ao assalto me lanço e agito-me na liça,
Como um coro de vermes junto a uma carniça,
E adoro, ó fera desumana e pertinaz,
Até essa algidez que mais bela te faz!






Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.



Eu sou um ser exagerado, passional e até um pouco inconstante, muita gente até diz que isso é coisa de poeta, eu discordo, isso é coisa de ser humano. Quem é que nunca cheirou as flores do mal da paixão? Se você disse não, com toda sinceridade, eu lamento.  O Baudelaire, e suas Flores do Mal ( Segundo livro que estou lendo no nosso desafio) me aproximam cada vez mais com essa coisa mitológica que as pessoas chama de alma de poeta, ele possuía isso, acredito que todo mundo possuí isso, basta deixar aparecer e nada melhor que a poesia para revelar, para mostrar, para apontar, para dizer ou para simplesmente calar, esse fogo, essa flor do mal, que cada um tem dentro de si.

“É um grito expresso por milhões de sentinelas,
Uma ordem dada por milhões de porta-vozes;
É um farol a clarear milhões de cidadelas,
Um caçador a uivar entre animais ferozes”
( Trecho do Poema os Faróis, de As Flores do Mal, Charles Baudelaire)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

#1 - Papáverum Millôr



O Livro 1/100, foi muito fácil, eu confesso. Leitura simples, gostosa, prazerosa, divertida, se for pensar nesses críticos cabeçudos, não me surpreende não conhecermos quase nada sobre a Poesia do Millôr, que é deliciosa. ah! curiosidade poética: foi o Millôr Fernandes que descobriu para o Brasil e o Mundo o Manoel de Barros, não me surpreende porque ele ficou tão maravilhado com o Manoel, se reparar bem, tem uma qualquer coisa parecida entre a poesia dos dois.

Detalhes Técnicos
  • Posição: #1/100
  • Título:  Papáverum Millôr
  • Autor: Millôr Fernandes
  • Páginas : 115
  • Editora: Prelo, 1967
  • Onde Adquiri: Em um sebo na cidade de Camocim, por 5 reais.

Poemas que mais gostei:

POEMA EGO-ELUCIDATIVO

O amor é assim
O que eu vejo nela?
O que ela vê em mim

POESIA DE DOMÍNIO ABSOLUTO
DO COSMO OU
O PODER DO REFLEXO

Descobri a fórmula mágica da submissão e
todos me obedecem.
Homem, cão
chofer de táxi
e de lotação
Peixes no mar
Ventos que passam
Mulher alheia
Crianças com e sem educação
Astros em gravitação,
A mim todos aderem
Pois eu digo apenas:
"Façam o que quiserem!"

Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

terça-feira, 3 de julho de 2012

Mandrake: Poesia, Millôr Fernandes e Eu, pra começar.

Não me conformo com a legenda que de vez enquanto escuto: esse mundo é sem poesia.
Mentira !Grande Mentira!
Por esse e outros motivos decidi aceitar o desafio que fiz a mim mesmo, de ler 100 livros de poesia em 365 dias e escrever sobre essa experiência.
Não tenho intenção de fazer crítica literária, de fazer resenha, não que eu tenha algo contra essas atividades, pelo contrário, sou um desses chatos que lê os prólogos, os ensaios, as orelhas e as resenhas, acho essa uma atividade muito divertida. O que me motiva mesmo é o simples fato de ler e de falar de poesia, que é uma das minhas maiores paixões.
O Livro #1 é Papáverum Millôr, de Millôr Fernandes, deixo aqui alguns poemas e amanhã venho falar um pouco mais sobre ele.
Abraços Poéticos ! 


Reflexão sobre a Reflexão

Terrível é o pensar.
Eu penso tanto
E me canso tanto com meu pensamento
Que ás vezes pense em não pensar    jamais.
Mas isto requer ser bem pensado
Pois se penso demais
Acabo despensando tudo que antes   pensava
E se não penso
Fico pensando nisso o tempo todo.

Da discussão ( Nasce a luz ? )

Tivemos uma troca de palavras
Mesquinhas
Agora eu estou com as dele
E ele está com as minhas.

Ode a perfeição do imperfeito

É regra humana:
Todo homem tem o direito
A uma canalhice por semana.

Poeminha tentando explicar minha incultura

Ler na cama
É uma difícil operação
Me viro e me reviro
E não encontro posição.
Mas se, afinal,
Consigo um cômodo abandono,
Pego no sono.

Mandrake

Você procura um objeto
Horas inteiras. Revira a casa toda.
Afinal, quando a esposa sabe o que
Você procura
Aponta
Muito segura:
“Mas, está aí mesmo
Embaixo do seu nariz”.
Você olha
E é como ela diz.
Mas é bom examinar com cautela;
O objeto estava lá
Ou apareceu ao gesto dela?

Sobre o Autor:
Talles Azigon
Talles Azigon é Poeta, Contador de Histórias, Produtor Cultural, Estudante de Letras e Apaixonado pela Poesia. Blogueiro, já escreveu para vários blogs , inclusive o dele  http://tallesazigon.blogspot.com .

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Prelúdio de Blog Anunciado

Eu gosto muito de blog, gosto muito de poesia, gosto muito de cinema, mas assim como a Julie do Filme do Julie/Julia acabo deixando as coisas no meio do caminho, quando a paixão diminui.
Sabendo disso tudo e inspirado na Julie tive uma grande vontade de iniciar esse projeto, por vários motivos: diversão, conhecimento e principalmente paixão. Começar é meu verbo e tenho tentado cada vez mais trabalhar um outro,Concluir, que é diferente de terminar, assim como o Quintana eu não acredito em sinônimos. Eu não acredito em "Fim", acredito que nada acaba, tudo continua, reverberando no universo, mesmo depois de concluído.

O Desafio do projeto é bem simples :

Ler 100 livros de Poemas
em 365 dias.

Vamos lá !!!

Ah, vale muito assistir Julie e Julia, deixo aqui o Trailer:



Abraços Poéticos !